Sento-me para escrever na mesa
da cozinha
e tudo o que vejo são formigas
Indo de um lado para o outro
caminham pela mesa e pelo
chão
chão
Procurando a próxima migalha
A próxima refeição
TUDO É CLARO, TUDO É CERTO... É
ÓBVIO
A sobrevivência da colônia delas
depende
Mato algumas sem dor aparente
Esmago-as com a ponta dos dedos
É fácil, matar é fácil
É banal
É banal
Mas não importa quantas vezes eu
repita o gesto
não importa quantas eu mate
ocupando os mesmos lugares
outras virão
Procurando a próxima migalha,
A próxima refeição
Levam a falecida carregada
Será a refeição da casa
Outras vem e refazem o trajeto
TUDO É CLARO, TUDO É CERTO... É
ÓBVIO
Enquanto isso eu não sou
Apenas estou
Apenas estou
Pode até ser
E talvez até seja
mas
Já não sou mais
E talvez até seja
mas
Já não sou mais
Estou assim
E já estive
outro
mas
Serei diferente
tudo é complexo, tudo é multifacetado... é dúvida.
E ainda será
e eu serei
e se for então já é,
mas e se não for?
Se não for...
Se não for...
...
...
...aí não será
...aí não será
Por outro lado, estou
e se estou, PODE SER!
Sim, pode até ser,
mas só se estiver,
porque aí sim eu serei...
...ou
estarei
Enquanto isso eu caminho
de um lado para o
outro
Buscando a próxima migalha,
A próxima refeição.
Tentando entender um pouco
daquilo que sou
daquilo que poderei ser
e de quem fui
Tudo é complexo, tudo é multifacetado... É DÚVIDA.
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